sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Leia também:  O Homem DeusEva e Darwin
e Meu Herói (infantil)       Fale com o autor Eimaldo Vieira

Quem será esse ser tão sábio e tão ignorante, tão manso e tão arrogante, tão potente e tão frágil, tão vencedor e tão derrotado, tão santo e tão demoníaco?
É o que você verá enquanto percorre as páginas deste livreto.

ANTES DELE
     Era uma vez um escuro, gigantesco e quase infinito espaço vazio. O imenso vazio recebe inúmeras estrelas agrupadas em muitas constelações. O Sol torna-se a quinta estrela na ordem de brilho. Apesar de tantos astros luminosos, sua luz ainda não pode atravessar a grande massa nebulosa.
     Em seguida, vai se formando uma enorme bolha de ar no meio daquela massa inquieta, ao mesmo tempo em que se abre um estupendo arco da mesma massa ao redor da mesma bolha. Água e granitos amalgamados de variadíssimos tipos são os componentes daquele anel estupendo e volumoso.
     Agora, chega a vez daquele arco se dividir em muitos blocos, que ficaram conhecidos como planetas e satélites. Para isso, as águas vão se concentrando em diferentes lugares, separadas dos granitos em cada bloco. Um daqueles blocos de água e sólidos é a nossa conhecida Terra. Em nosso planeta, as águas se concentram em volume privilegiado.
     Os astros continuam aquecendo seus planetas e satélites, porém, ainda não os iluminam através do mega e opaco espaço.
     Surge então a vegetação com sua numerosa gama de espécies, tanto rasteira como florestal, terrestre como aquática, selvagem como frutífera.
     Os raios solares e das demais estrelas começam a iluminar seus planetas e satélites, entre eles, a Terra e nossa romântica Lua. Nessa ocasião, toda a dinâmica dos sistemas solares também começa a ser vista por ninguém daqui, pois por aqui ainda não há criaturas. Contudo, os planetas totalmente imantados e magnetizados já tornam visíveis suas exibições, girando em torno de si mesmos e gravitando ao redor de seus astros reis. O resultado mais conhecido por todos hoje nessa dinâmica de moto contínuo é a alternância de dia e noite, frio e calor, Primavera, Verão, Outono, Inverno.
     Surgem então os primeiros seres vivos, que são os peixes com suas variadíssimas espécies, o mesmo acontecendo com as aves.
     A seguir, aparecem os animais terrestres, também distribuídos em muitos tipos, grandes e pequenos, mansos e bravos, mamíferos e ovíparos, bípedes e quadrúpedes.
UMA ESTRANHA CRIATURA
     Finalmente, aparece o ser mais notável de todos os seres já vistos na face da terra. O Homem Anjo. Tinha uma composição química bem semelhante à dos bichos, tendo também fisionomia até parecida, em certos casos. Seus órgãos eram também semelhantes, embora bem mais complexos. Comunicava com os bichos como podia, mas de modo muito limitado, pois os amiguinhos não podiam construir pensamentos nem tinham palavras para fazê-lo.
     Mas qual a razão de tanta diferença entre os dois tipos de criaturas? Alguém havia soprado nas narinas do Homem Anjo, transmitindo a ele algumas habilidades e sentimentos excepcionais, muito além dos instintos e gracinhas de seus companheirinhos. Fato notável foi que naquele momento, seu entendimento ganhou vida, passando pela consciência de si mesmo e do próximo, inclusive daquele que lhe havia soprado nas narinas o fôlego de alma vivente.
O ANJO MAIS BELO
     O Homem Anjo começou a observar que os animais se comportavam de diferentes modos. Alguns se inclinando para vigilância e amizade. Outros até lembravam seu semblante, com tendência  para imitação de seus gestos. Outros até repetiam suas palavras. A memória era também notável em alguns deles. Passou então a dar nomes àqueles amiguinhos, conforme o temperamento e aptidão de cada um.
     Foi aí que percebeu uma coisa muito especial. Todos eles possuem companheiras das mesmas espécies. Só eu estou aqui sozinho no meio de toda essa alegre bicharada. Que será de mim assim tão solitário?
     Aquela mesma pessoa que lhe havia dado vida fez com que o Homem Anjo caísse em profundo sono. Nesse momento, tomou parte de uma das costelas dele e cobriu novamente o lugar da cicatriz. Com aquela célula tronco em suas mãos, configurou uma linda criatura, ao mesmo tempo tão semelhante e tão diferente de sua matriz.
     O homem Anjo acordou e se deparou com aquele presente maravilhoso, aparentemente igual, mas com diferenças inconfundíveis. 
- Agora, vejo que estou diante de uma pessoa igual a mim em carne e osso. Vou chamá-la de Mulher, Ishá, porque de mim, homem, Ish, foi tirada. Podemos agora cumprir a ordem que recebemos de encher e cuidar da terra.
     Através dos anos, nosso herói já criou alguns pensamentos interessantes a respeito do seu Anjo. 
- Como explicar tanta beleza no meu Anjo! 
- Eu fui o ensaio e ela a obra prima acabada.
- Como devo tratar o meu Anjo? 
- Não foi tirado dos meus pés, para eu não pisá-lo nem ser pisado por ele. Não foi tirado da minha cabeça, para eu não dominá-lo nem ser dominado por ele. Mas foi tirado do meu lado esquerdo do peito, para eu amá-lo e ser amado por ele.
     Um lindo reinado havia sido criado. Ele, a força. Ela, a beleza. Ele, a proteção. Ela a protegida. Ele, o amor. Ela, a honraria. Mas tudo isso se compõe de uma simbiose de harmonia e reciprocidade entre o rei e sua rainha. Tudo isso vai adiante e passa aos príncipes e princesas, frutos do mesmo belíssimo amor.
A GRANDE TRAGÉDIA
     O nosso herói já se havia reproduzido em algumas centenas de mil vezes, mas ainda não se achava completo. Não foi feito para ser um ser robótico nem cativo como aqueles amiguinhos irracionais. Para tanto, era necessário passar por uma prova que o elevasse à condição de súdito voluntário e consciente. Um autônomo. Não um autômato. Para isso, lhe foi oferecida a oportunidade de fazer opção entre dois estilos de vida. Esse direito era o que podemos hoje chamar de livre arbítrio. Podia escolher entre os dois estilos de vida e também as consequências de cada um deles. Assim, se tornaria um Homem Anjo de verdade.
     Como símbolo daquelas opções, foram plantadas no grande jardim de sua residência duas árvores especiais entre todas as outras. A Árvore da Vida, a do Bem, exclusivamente do Bem, e a Árvore da Morte, do Conhecimento do Bem juntamente com o Mal. Um daqueles inocentes amiguinhos, talvez por parecer o menos nobre de todos eles, foi sagazmente tomado por outro Anjo, o do Mal, como boneco que repetia o ventríloquo, contradizendo as palavras daquele que já o havia expulsado do Paraíso altíssimo. Tal expulsão havia acontecido quando teve também a ocasião de fazer escolha semelhante à do nosso herói.
- É verdade que proibiram vocês de comer de todos os frutos do jardim?
- Não, de modo nenhum. Estamos livres para comer de todos os frutos. Apenas o fruto da árvore do Bem e do Mal não podemos comer
- Sabe por que? Comendo desse fruto, vocês vão ter os olhos abertos para conhecer tanto o bem quanto o mal, tornando-se iguais àquele que deu essa ordem a vocês. E isso é tudo o que ele não quer.
     Então a mulher se encheu de curiosidade e desejo de provar o fruto daquela árvore, colheu e comeu. Não se esqueceu de reparti-lo com seu marido, que também o comeu. Lembraram-se ambos da ordem que haviam recebido e experimentaram imediatamente as dores da morte tão claramente prevenida. Tristeza, vergonha e medo invadiram de imediato o coração, a mente e o espírito dos dois. A morte espiritual estava consumada. Vergonha e medo daquele que lhes havia presenteado com a vida foram os resultados imediatos da má escolha.  Não receberam mais a visita habitual do Benfeitor e foram expulsos do Jardim, para que não comessem do fruto da Árvore da Vida, rejeitada por eles nos dias da inocência. Se a comessem agora, nenhuma esperança haveria para qualquer recuperação.
NO FIM DO TÚNEL, UMA LUZ
-  Homem do Barro, onde estás? Momentos de silêncio.
- Ouvi tua voz no no jardim, tive medo... e me escondi.
- ...Comeste do fruto da árvore que eu te disse para não comer?
- A mulher que tu me deste me ofereceu e eu comi.
- O que foi que fizeste, mulher?
- A serpente me enganou e eu comi.
     Uma luz muito especial foi apresentada ao Homem Anjo e toda a sua descendência, quando o Anjo Mau ouviu sua sentença.
- Você e a mulher serão inimigos. Inimigos também serão tua semente e a semente dela. Ele te esmagará mortalmente a cabeça. Porém, tu ferirá somente o calcanhar dele.
     Quando o Homem Anjo foi expulso do Paraíso, aquela mesma Luz podia ser avistada a longa distância.
Para que ele não estenda sua mão e não coma da Árvore da Vida e viva eternamente em sua morte. Assim, o nosso herói não foi desprezado em qualquer momento. Pelo contrário, tudo foi feito de modo que ele pudesse olhar sempre para aquela Luz e por ela fosse restituído a sua condição de Homem Anjo perfeito.
A MORTE CHEGA EM CASA
     Como consequência daquela infeliz escolha, o Homem Anjo sofreu a dor de um novo tipo de morte dentro de sua própria família. Os dois filhos nascidos depois da queda tiveram um sério desentendimento. Aliás, não houve desentendimento. Houve ciúme. O irmão mais velho apresentou sua oferta por mera obrigação religiosa e por isso sua dádiva permaneceu ali no chão onde ele a havia colocado. Viu também que a ovelha de seu irmão tinha sido aceita e consumida. Enfurecido, golpeou seu irmão e o matou.
     A morte, prematura ou não, é algo que não fazia parte dos ideais supremos para o Homem Anjo. O perfeito plano deveria ser algo semelhante ao casulo que no momento próprio se transforma em linda borboleta voando pelos ares. Porém a tragédia da morte, como a conhecemos, ainda é muitíssimo mais suave que aquela outra provada pelo nosso herói ainda no Éden. Se o nosso herói tivesse ficado no Jardim e comido da Árvore da Vida. Teria se perdido para sempre.
UM NOVO COMEÇO
     O Homem Anjo cresceu muito em número e também na maldade, principalmente na violência. Figuras angelicais se uniram com as virgens terrestres e produziram uma geração má e violenta. Daí, uma gigantesca inundação foi anunciada e preparada durante mais de cem anos. Você pode então concluir que o arrependimento, a regeneração e a felicidade, e não o castigo, foram o verdadeiro alvo do longo processo.
     Como o nosso herói não aceitou sua oportunidade, a avalanche se tornou inevitável. Se algo não fosse feito, a vida na terra se tornaria impossível como impossível já estava. Como o objetivo não era extinguir mas preservar o Homem Anjo, foi necessário acender aquela Luz do fim do túnel mais uma vez, o que realmente aconteceu. Com o nascimento de Sete ao primeiro casal, um dos filhos do mesmo abençoado Sete entrou em cena.
     Aquele filho da esperança foi Noé, que por revelação já recebeu seu nome, Descanso. Esse foi o Homem Anjo encarregado de anunciar e guardar aqueles que haveriam de crer na realidade do grande flagelo.
     Durante cem, talvez, cento e vinte anos, o justo Noé construiu um gigantesco navio, todo formatado conforme as instruções que recebeu. Nele devia ser colocado um casal de cada espécie animal, menos os aquáticos e anfíbios, evidentemente. Quanto às pessoas, claro que não caberiam ali todas, mas temos que levar em conta duas coisas significativas. Primeiro, se as pessoas crescem no dilúvio, este não aconteceria e não precisariam mais entrar no brande barco. Segundo, efetivamente as pessoas não creram e não pediram qualquer abrigo. É fácil imaginar, ao ouvir o bater dos machados e martelos e o roçar dos serrotes.
- Olhem lá aquele velho caduco construindo aquele barco gigante não sei para quê! Kkkkkkkkkkkkkk!
- Quem vai morrer afogado é ele mesmo com sua esposa e seus filhos. Hahahahahahaha!
     Depois de um século, diante da incredulidade do nosso herói, com toda aquela disposição de permanecer em seu depravado estilo de vida e violência, chegou o anunciado dilúvio. Quarenta dias de chuvas e o jorrar das fontes subterrâneas foram suficientes para inundar a terra e eliminar a todos os seus seres viventes.
     Hoje, ainda podemos ver todas aquelas impressões do que foi deixado pelas águas da grande inundação. Altas montanhas e vales, conchas marinhas em suas cristas, camadas superpostas de diferentes e distintos granitos, fósseis de árvores, aves, peixes e humanos de diferentes idades, jazidas de petróleo composto por todos aqueles seres, grutas e canyons de formas arredondadas, e muito mais. Tudo dizendo que algo muito rápido e dinâmico aconteceu em nosso planeta, sem o que, nem mesmo bilhões de anos fariam acontecer. Alimentos na boca de animais fossilizados não podem ficar esquecidos. Falam de uma enorme surpresa do gigantesco fenômeno.
BABEL e BABILÔNIA
     Agora que o nosso herói foi salvo da extinção, a terra voltou a ser povoada através dos três filhos de Noé e suas esposas, visto que o próprio Noé e sua esposa não tiveram mais filhos. Surgiu, então, uma forte e belíssima geração, até que o mesmo Homem Anjo voltou a pensar que podia viver por conta própria e ser feliz. Esqueceu da ordem que recebeu de encher a terra para poder cuidar dela adequadamente. A liderança dessa tal geração independente, na ânsia de não se espalhar pelo planeta azul, arquitetou construir uma torre tão alta que alcançasse a abóboda celeste, como se isso fosse possível.
- Ei! Coragem! Vamos todos juntos levantar uma torre da altura do azul do céu! Ninguém poderá escapar de nossos olhos lá de cima. Ficaremos sempre juntos e teremos um império poderoso e indestrutível!! 
     A ideia maluca agradou aquela geração não menos afoita e puseram mãos à obra. Foi então que ficou evidente que o supremo Arquiteto era totalmente contra qualquer império terreno pelas mãos do Homem Anjo. A Terra teria que ser cuidada e governada por partes e por nações independentes.  Por isso, foi feita uma interferência na comunicação daqueles líderes e seus operários, forçando as tribos ali representadas a se espalhar por toda a Terra. Foi a chamada confusão das línguas, o que também deu nome ao lugar, Torre de Babel, Torre da Confusão ou simplesmente Babilônia.
     Fato notável é que aquela mesma geração pode ter sido fixada em diferentes continentes, pois naqueles anos, a Terra foi dividida, certamente tornando impossível, por muitos séculos, novas tentativas de construção de impérios mundiais.
AS GÊMEAS PERDIDAS
     A geração do Homem Anjo continuava composta de amostras muito ilustres no meio de outras muito perversas. Da descendência de Sem, um dos três filhos de Noé, nasceu o nobre Abrão, pai exaltado, que teve seu nome mudado para Abraão, pai de nações. Tornou-se um elemento estratégico na contemplação daquela luz no fim do túnel, já há muito anunciada. Por isso mesmo que seu nome tinha sido simbolicamente modificado. Esse Homem Anjo foi tão elevado de caráter, que chegou a obedecer uma ordem para sair de sua terra, com tudo que possuía, e seguir para uma outra terra distante, que ainda lhe seria apresentada. Humanamente falando, esse Abraão foi o pai de dois filhos, Ismael e Isaac, que por sua vez geraram dois dos mais ilustres povos da terra, o Árabe e o Israelita. Espiritualmente falando, tornou-se o pai dos justos de todas as nações.
     O nosso herói, em grande parte, novamente se descambou para o mal, concentrando-se particularmente nas cidades gêmeas de Sodoma e Gomorra. A maldade daquela gente chegou a tal ponto, que o Criador não teve outro recurso a não ser dar fim a seus habitantes. O mesmo Abraão intercedeu apaixonadamente pelas duas cidades, na tentativa de livrar seus eventuais filhos da justiça, notadamente o sobrinho que lá residia com esposa e duas filhas.
      A maldade era tão grande, que, ao chegarem lá os três anjos celestes para libertar a nobre família, os homens que os tinham visto na praça correram para a casa de Ló para estuprar aqueles anjos visitantes, supondo que eram homens anjos.
     O que sobrou da memória daquela gente violenta e maldosa, além de sua própria maldade, é o Mar Morto no qual as irmãs gêmeas foram convertidas.
 A LUZ RESPLANDECE
     Lembra do nosso grande Abraão? O nome dele não foi alterado por acaso. Estava destinado a ser o pai de muitas nações. Dois mil anos se passaram desde o nosso encontro com ele e seu sobrinho em Sodoma no nosso último capítulo. Surge agora aquela Luz do fim do túnel com todo o seu esplendor. Era a Luz que ilumina a toda pessoa que vem ao mundo. Era o descendente de Abraão por linha adotiva, uma vez que nasceu do alto como Novo Homem. Trazia a qualidade de pré-existente, Pai da eternidade e Príncipe da Paz. Nasceu e viveu em cidades pré-determinadas. Realizou coisas que jamais outra pessoa realizou. Sofreu julgamento e condenação como já era esperado. Foi traído e executado como estava previsto. Ressuscitou como estava prometido e prometeu voltar para o julgamento final da angelical humanidade.
     A ressurreição tornou-se o tema central dos seguidores do Novo Adão. Houve esforços para anular qualquer fundamento de verdade no inédito acontecimento. Houve suborno dos guardas do túmulo. Houve proibição de depoimentos das testemunhas. Houve execução daqueles que recusaram se calar. Algumas das testemunhas estiveram com ele no espaço de quarenta dias entre sua ressurreição e retorno à casa celeste.
     O Homem Deus morreu por todos, mas ninguém morreria por  um cadáver. A certeza era absoluta e falar do único redentor valia mais que a própria vida de seus amigos. Por isso, viveram para ele enquanto viveram e por ele morreram. Deram a vida por quem havia dado sua vida por eles.
     Veja alguns dos diálogos mais notáveis com o Homem Deus.
- Homem Deus: O que dizem as pessoas a meu respeito?
- Discípulos: Uns dizem que és João Batista. Outros dizem Elias ou algum outro profeta.
- Homem Deus: E vocês, qual é a opinião sobre a minha pessoa?
- Discípulos: Tu és o Ungido, o Filho do Deus vivo. 
-  Um Príncipe: Mestre. Como pode uma pessoa nascer de novo?
-  Deus Homem: ... Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho único. Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna...
-  Deus Homem: Que dizem as pessoas a meu respeito?
-  Discípulos: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
-  Homem Deus: ... Sobre esta pedra edificarei a minha igreja.
-  Mulher Samaritana: O Senhor é maior do que o nosso pai Jacob, que nos deu este poço tendo bebido ele mesmo dele?
-  Homem Deus: Quem beber desta água voltará a ter sede. Mas aquele que beber da água que eu lhe der, jamais terá sede.
-  Opositores: Senhor. Esta mulher deve ser apedrejada.
-  Homem Deus: Aquele que estiver sem pecado, atire a primeira pedra.
-  Homem Deus: ... Onde estão teus acusadores? Ninguém te condenou?
-  Mulher Adúltera: Ninguém, Senhor.
-  Homem Deus Nem eu te condeno. Vai e não peques mais.
-  Opositores: Somos filhos de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como dizes, Sereis livres?
-  Homem Deus: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará... Se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres.
-  Opositores: Por que não o trouxestes?
-  Guardas: Nunca homem algum falou assim como esse homem.
-  Homem Deus: Teu irmão Lázaro vai ressuscitar.
-  Marta: Eu sei que ele vai ressuscitar no último dia.
-  Homem Deus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Você crê nisso?
-  Tomé: Senhor...Como podemos conhecer o caminho?
-  Homem Deus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim.
-  Filipe:  Senhor. Mostra-nos o Pai. É tudo o que nós queremos.
-  Homem Deus ... Estou há tanto tempo com vocês, e ainda não me conhece, Filipe? Quem me viu, viu o Pai. Como você diz, Mostra-nos o Pai?
-  O Governador: Que é a verdade?
-  Homem Deus: Silêncio total.
-  O Rei: Fez-lhe muitas perguntas.
-  Homem Deus: Nada respondeu.
(Esse silêncio é algo mais que curioso. Alguém já lembrou que em letras latinas, língua do julgamento, Quid est veritas?, Que é a verdade?, são as mesmas letras com as quais o Homem Deus estaria respondendo, em silêncio, ao Governador, Vir qui ad te est O homem que está diante de ti.)
-  Ladrão: Senhor. Lembra-te de mim, quando entrares no teu reino!
-  Homem Deus: Ainda hoje, estarás comigo no Paraíso!
17 SÉCULOS DEPOIS
     Saltamos agora para o século dezessete e vemos o Homem Anjo ainda enredado em si mesmo, na forma do humanismo, racionalismo, materialismo, iluminismo e outros ismos que criou.
Um declara que uma espécie de Super Homem está a caminho.
Um declara que tudo quanto não se pode assimilar pela mente não merece crédito.
Um declara que tudo veio de certas Mônadas ou alguma outra matriz.
Um declara que a Escritura Sagrada desapareceria em 50 anos.
Um  declara que, diante da grandeza da obra divina, não passava de uma criança brincando com as conchinhas do mar.
Um declara que a Religião é o ópio do povo
Um declara que tudo veio do nada ou de si mesmo a partir de 4 a 14 bilhões de anos atrás.
     E foi assim que passamos pela primeira guerra mundial de 1914 a 1919, pela segunda de 1939 a 1944, e pela guerra fria, que nos acena hoje novamente.
     Nosso herói continua promovendo e sofrendo guerras localizadas constantes, pobreza extrema, fome, doenças e epidemias.
     Intolerância religiosa pune a liberdade com a morte, ainda hoje.
     Violência pessoal do nosso herói tira a paz do indivíduo, o direito de ir e vir até mesmo para o trabalho e colégio, o direito ao lazer e ao turismo e o direito sagrado de viver.
     Tudo isso porque a Luz do Mundo é rejeitada em toda a extensão do globo, onde o Homem Anjo se coloca no lugar de seu Criador, querendo governar a si mesmo sem ele.

ASAS DE ÍCARO
Semelhante ao Eternal,
Parecido com os anjos,
Tão amigo dos demônios,
Do próximo tão igual.

Perdendo o brilho divino,
Desceu do Céu ao Inferno.
Mesmo longe do Eterno,
Criou suas asas de Ícaro.

Voou alto na Ciência.
Voou alto nas Artes.
Voou alto no Amor.


Caiu por terra em descrença.
Caiu por terra em miragens.
Caiu por terra em rancor.
VOANDO COMO ANJO
     Injusto seria ignorar a fabulosa participação de grandes cópias do nosso herói Homem Anjo em muitas áreas da vida humana durante aqueles três séculos comentados acima.
     A música sacra e clássica teve seu resplendor e ainda hoje nos fascina como se fosse, e sendo de fato, uma verdadeira ante sala da eternidade. Que dizer da Literatura, da Pintura, da Escultura, do Esporte e da Arquitetura?
     No próprio Século XX, não podemos esquecer do grande progresso industrial, científico e tecnológico alcançado pelas mãos do nosso herói. É só olhar para o carro, o trem, o telégrafo, o telefone, o rádio transmissor, o avião, a televisão, o computador, a internet, o grande avanço da medicina, as recentes conquistas espaciais e tantos outros avanços.
     Cada uma dessas belas artes, descobertas e conquistas de todos os tempos, e também neste início do século XXI, mostra uma impressão digital das mãos criadoras e faz sentir o fôlego soprado nas narinas do nosso herói Homem Anjo.
UM FUTURO GLORIOSO
     Hoje, três ou mais bilhões de cópias do nosso herói possuem excelentes qualidades, estão lutando pela construção de um mundo melhor, mas não conseguem atingir seu alvo, porque, apesar de seus méritos, ainda tentam viver independentes de seu Criador e por que guerreiam com outros três bilhões ou mais de cópias perversas e ambiciosas, que colocam em risco a paz e a segurança de todo o belíssimo planeta azul.
     A carência de solução para os grandes problemas da humanidade se une à carência do amor ao próximo, que só será conhecido no amor do Homem Deus. Aqui está a única esperança de um fim verdadeiramente feliz para o nosso herói Homem Anjo, que, longe de voltar à triste categoria de vencido, poderá retornar ao seu fabuloso Paraíso Perdido mais que vencedor.
VOANDO SEMPRE
     Oh, Homem Anjo. Continua levantando voos fabulosos rumo ao infinito. Mas, reconhece que jamais chegarás a um final feliz, a menos que te deixes embalar por aquele que te deu sabedoria e conquistas.
ÚLTIMO VOO
     Abre tuas asas, oh Homem Anjo. Alça agora teu derradeiro voo. Tuas asas adâmicas estão voltando ao barro. Teu fôlego imortal está voltando para aquele que te soprou nas narinas o dom da eterna vida.


Copyright de Eimaldo Alves Vieira